E aí, "seu" Cabral, tá achando legal? Que tal um "bi" de reais no Maraca?

Escrevo às 3 horas da madrugada e vou lhes dizer: dane-se Ronaldinho, o Flamengo e a Traffic, abordados no post anterior. Tem coisa mais séria acontecendo. E o futebol servindo de desculpa para a gastança do dinheiro público. No ano passado foi o (infelizmente) famoso Morro do Bumba, na minha cidade, Niterói (RJ), onde hoje mais pessoas moram sobre o lixão.

Agora é a região serrana do Estado do Rio de Janeiro que sofre com as chuvas de verão. Como se elas fossem uma novidade, algo inesperado. Tudo isso acontece dois dias depois de sabermos que a estapafúrdia reforma do Maracanã, exigida pela Dona Fifa, vai chegar à casa de R$ 1 bilhão. É o Rio de Janeiro do governador reeleito (com facilidade) Sérgio Cabral.

Isso mesmo, pelo menos R$ 1 bi em um só estádio, em nome de uma competição que jamais poderia acontecer no Brasil enquanto convivermos com esse inferno das cheias, entre outros problemas absurdamente rotineiros. Ou você consegue conviver com isso e achar tudo natural?

Agora, enquanto escrevo, na madrugada, nem sei quantos mortos são. Um portal afirma que são 270, outro eleva o número a 271. Tentarei dormir, e quando acordar, possivelmente ao ligar o computador verei algo em torno de 300. Como se o número de pessoas mortas em uma tragédia óbvia, anunciada, fosse algo surpreendente, inesperado.

E isso acontece no Rio de Janeiro, em São Paulo, em todo o país da Copa do Mundo de 2014. E é mais duro ainda ver e ouvir jornalistas que acham normal a gastança em nome do Mundial de futebol. Gente cordata ou interesseira, que compactua com toda essa imundície. Até que os lugares que habitualmente frequentam fiquem soterrados.

Talvez nem assim mudem de ideia. Bajular o poder parece vocação. Brasil-il-il-il-il!



Texto: Mauro César Pereira - ESPN Brasil